Na terça-feira, deixamos Alice passar o dia no clube com uma
amiga e optamos por almoçar fora. Quando voltamos, ligamos o ar condicionado da
sala e os respectivos notebooks. Sobre a estante, restava apenas Meia-Noite em Paris para assistirmos. Decidimos
esperar, já que a devolução estava marcada para quinta, e aproveitar o tempo
para planejar as férias, sonhar um pouco e comprar as passagens.
Abri os sites das companhias aéreas para pesquisar preços e
destinos que satisfizessem nossos planos, desta vez, exclusivamente franceses –
por isso também, o filme podia esperar, para ser bem saboreado depois das
decisões tomadas. Enquanto eu tentava descobrir as melhores opções para a
viagem, checava também os acessos ao meu blog. Confesso que a página de
estatísticas vicia, e as origens de tráfego que ela registra sempre me deixam
curioso. Naquele dia, identifiquei uma busca feita pelo Google que me
surpreendeu.
Alguém procurava pela Livraria Sauret, que pertencia à minha
avó e havia ocupado por mais de trinta anos, entre as décadas de 1940 e 1970, a loja 5 do Copacabana
Palace, de frente para a praia.
Eu dividi a surpresa com meu pai ao telefone e, ao mesmo
tempo, repeti a pesquisa do leitor desconhecido. Com o nome da loja entre
aspas, não eram muitos os resultados do site: primeiro, levavam a um livro chamado
A Etiqueta de Livros no Brasil, de
Ubiratan Machado; depois, a dois textos do meu blog; mais adiante, a páginas do
Diário Oficial. Logo que terminei a conversa com papai, comprei o livro em
promoção na Internet.
Minutos depois, o leitor se identificou, quando comentou um
de meus textos. Ali, percebi que a viagem ao passado não teria volta. Mandei um
e-mail para ele, liguei de novo para meu pai, deixando o sonho da viagem futura
congelado em outros sites e a Nane esperando por algum tempo.
A Livraria Sauret traz boas lembranças para Claude. Nas
mensagens que trocamos, ele conta dos tempos em que saía com a revistinha do
Mickey quando seu pai ia comprar o Paris-Match; da época em que iam até uma das
lojas vizinhas, da Western Telegraph,
para entrarem contato com a família na França em datas especiais.
Infelizmente eu não conheci a livraria, tinha menos de dois
anos quando fechou. Para mim, a livraria era apenas um quarto transformado em
biblioteca. Agora, uma fonte de ideias – e meu pai promete remexer as gavetas
em busca das etiquetas originais, carimbos, notícias de jornal. Enquanto elas
não amadurecem, procuro um lugar para guardar o livro encomendado. Na página
240, as etiquetas com a Cruz de Lorena parecem pedir para voltar para casa – um cantinho francês, uma
livraria em Copacabana, uma biblioteca dentro de um quarto.
Muito legal! Li o texto e lembrei do livro/filme Hugo. Essa investigação sobre o passado da livraria dava uma boa história fantástica... :)
ResponderExcluirEssas coincidências são maravilhosas, mexem em coisas guardadas...
ResponderExcluirGostei muito.
Ana Maria