domingo, 31 de agosto de 2014

Antes dos 40

Antes dos 40, o aniversário de 100 anos da Mami.

Voltar à França na primavera, desta vez com Alice.

Fazer o legado da minha avó chegar à minha filha. E ter a mesma emoção de ver a Torre Eiffel pela primeira vez; escolher um queijo na vitrine e tantos macarons quantos ela quisesse; encontrar o Quasímodo na cripta e Jean Valjean nos esgotos, apesar do mau cheiro.

Voltar à França e ficar. Pela primeira vez, sozinho.

Deixar mulher e filha no aeroporto de Paris, e seguir num carro vermelho, atrás de falésias, queijos e história. Escolher o caminho dos números para transformá-los em letra: os meus 40, os 100 dela e os 70 do desembarque na Normandia.

Começar pelas falésias de Étretat e sonhar, comendo ostras. Observar as marés; fotografar os arcos, os cascalhos e o lodo.

Continuar pelos museus que não nos deixam esquecer o rastro da intolerância e a bomba atômica; pelas praias e cemitérios militares onde descansam os soldados desconhecidos; pelos diversos castelos de Guilherme, o Conquistador; e pelos queijos em Livarot.

Terminar às margens do Sena, para me reencontrar e retornar à minha casa, antes dos 100.

Em 14 de junho, o centenário, as fotos de viagem, a medalha de Joana D’Arc que comprei em Rouen, muitos beijos dados e recebidos, um bolo e duas palavras: Veuve Cliquot.

Antes dos 40, foi tudo o que consegui fazer.