domingo, 18 de março de 2012

Um Cenário por Semana

Sábado passado, com Nane em curso, levei Alice para passarmos o dia com meus pais. Assim que chegamos, pedi a escada para reencontrar meus velhos brinquedos no apartamento da minha avó, que divide o andar com o deles. As caixas azuis permaneciam amontoadas no alto do armário do quarto onde fica o computador da família.

Eram muitas caixas de Playmobil para escolher. Sugeri as de naves espaciais, e ela aprovou. Desci com as duas naves que tinha: a maior delas, em forma de octógono; e a mais interessante, parecida com um ônibus espacial. Ao contrário de outros conjuntos em que já havia mexido há uns dois anos, aqueles estavam completos e preservados, apesar de algumas peças amareladas, adesivos perdendo a cola e as borrachas dos pneus bastante suadas.

Espalhamos os bonecos no chão do quarto e inventamos juntos algumas histórias. Ela ficou fascinada quando desmontei o ônibus espacial, transformei a parte central em escritório lunar e acoplei um módulo menor a ele. Toda vez que eu me desligava ou ameaçava parar, ela insistia: E agora, pai? Vai, brinca!

Quando ficou à vontade para criar seus próprios roteiros, eu me vi criança brincando no chão de tacos. Tirei uma foto, que rendeu muitos comentários no Facebook – meus amigos também se viram crianças, brincando com os mesmos bonecos ou desejando aquelas aventuras espaciais. Meu pai se empolgou com a cena, queria levá-la no dia seguinte à exposição de Playmobil no Museu Militar Conde de Linhares, em São Cristóvão, mas acabamos deixando o programa para o outro fim de semana.

Enquanto Alice se divertia sozinha, fomos para a biblioteca, no quarto ao lado, para procurar vestígios da livraria da minha avó. Meu pai me mostrou os carimbos que havia separado, acabamos encontrando um diário de viagem de meu avô e muitas fotos nas gavetas, mais do que eu poderia imaginar. Ali, ele se viu criança, apontando para a vitrine da loja; na companhia de amiguinhas francesas de quem ele lembrava os nomes e sobrenomes; fazendo pose ao lado do carro do pai; ou em casa, também sozinho, brincando no chão da sala com o trem elétrico.

Ontem, na exposição, três gerações sonhavam com uma casa onde houvesse um quarto de brinquedos que só precisassem ser guardados para as mudanças de cenários: o forte apache atacado por índios, o castelo da princesa protegido por arqueiros... um para cada semana.

5 comentários:

  1. Lembrei dos meus bonecos de infância, tinha Playmobil, He-Man, Thundercats. Doei tudo para meus primos-sobrinhos, mas a mãe deles depois jogou tudo fora, dizendo que era coisa do demo. É sério! Se arrependimento matasse..

    ResponderExcluir
  2. Adorei. Também tenho meus "playmobils". Mas não na casa da mamãe. Estão comigo aqui em casa. Boa semana!!

    ResponderExcluir
  3. Pois é.... minhas bonecas estão na minha mãe também. Na semana passada fiquei sabendo que as minhas sobrinhas, brincando com as bonecas disseram: Vó essas Barbies são o máximo! Elas são vintage.Estão novinhas.... Sabia que tem gente que compra?????
    A essa altura descubro uma vantagem de ter sido tão comportada, e nada selvagem, com meus brinquedos.
    Só doeu um pouco o "atestado de idade".... vintage é forte!!!!
    Bjs, Dri

    ResponderExcluir
  4. Muito mais que a descoberta de brinquedos... uma verdadeira viagem no tempo, uma deliciosa sensação de pertencimento ao passado... que experiência maravilhosa, Rodolpho! E daqui há alguns anos, será Alice, com suas Barbies e Polys e Harry Potters... Como sempre, emocionante!

    ResponderExcluir
  5. Meu filho menor ficava horas brincando com paymobil... Muito legal!!!
    Ana Maria

    ResponderExcluir