domingo, 18 de julho de 2010

Sharpay e o Menino Prodígio

Papai, eu sou a Sharpay. Em tempos de aniversário, Alice se veste de Sharpay Evans. Ela já quis o rosto da Hermione, mas agora prefere os shows no meio da sala. E por que uma festa do High School Music? Porque ninguém conhece Glee. Queria ser uma mosquinha para ouvir o papo dela com os amigos. Glee está para eles, talvez, como as novelas estejam para Alice. Ela chegou em casa, um dia, se dizendo Maya. E o Daniel, o seu Raj. E quem é Maya? Ela não sabia. Não vemos novelas e, mesmo se víssemos... Glee é a nossa exceção. Ela é nossa convidada, adora o Kurt e quer também ser a Rachel. Menos mal que assistimos ao programa em inglês. Ela não presta muita atenção porque não entende e a ansiedade dela pelas músicas não deixa.

Eu fui Badaró. Há quase trinta anos, não havia muito na televisão além das novelas. Eu fui Badaró para participar da brincadeira no recreio. Eram crianças correndo em círculos no pátio da escola em busca de um tesouro qualquer. Não me lembro quem era Mário Fofoca, nem se eu assistia à novela. Hoje, a idéia de ter sido um personagem do Carlos Vereza me assusta. Melhor ser um figurante do HSM – amigo invisível do Troy Bolton, não?

Depois, fui Roque Santeiro. De bandido coadjuvante a personagem principal. Mas, com certeza, não via a novela. Das oito, nem pensar. Hora de terminar os deveres da escola e me preparar para dormir. Aliás, o apelido veio com os resultados de algumas provas. Fazedor de milagres, diziam. Hoje, a idéia de ser o José Wilker também me assusta. Melhor ser um figurante do Glee – um amigo CDF do grupo, sem talento para cantar ou dançar.

Sempre fui o menino prodígio. E os amigos descobriram, mais tarde, as semelhanças físicas com o Robin. Ficou inclusive registrado numa das camisetas do 3º ano, às vésperas do vestibular. Nunca dei bola, não pegou. Ficou só na camiseta. Não dei bola, mas não queria ser lembrado como parceiro do Batman, seja lá qual fosse a conotação da parceria. Ficou nisso porque ninguém viu as minhas fotos num carnaval qualquer em Araruama. Ficou nisso porque nunca revelei o motivo de me sentir bem no papel. Lembro-me de um episódio da série antiga em que a Mulher Gato aprisiona o menino prodígio. Não me venham com essa... eu não queria que o Batman me salvasse; eu queria ganhar uma lambida da vilã, assim como o Robin. Acho que essa foi a minha primeira fantasia sexual.

Um comentário:

  1. Jesus, isso veio da escola, a mania de ser personagens de filmes, séries....
    fui Viúva porcina e a Santinha de Paraíso....
    e a mania de musicais, a paixão por Glee? das apresentações da tia Giovanna...
    por isso sou totalmente Rachel, rs,rs

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