quinta-feira, 1 de julho de 2010

Dia Comum, Parto Normal

Tenho muitas saudades daquele dia. Uma sexta-feira. Era um dia comum. Afinal, a expectativa era a mesma de todos os dias e já estávamos nos acostumando com ela. Nane teve as primeiras contrações no fim da madrugada, mas nada falou. Fui trabalhar então. Tudo normal até a hora do almoço, quando o celular tocou. Daquela vez, sem dúvida, eram dores diferentes. Eu não devia me preocupar, a frequência delas ainda era baixa e a futura mamãe estava tranquila. Como sempre. Às três da tarde, fui expulso do trabalho. Vai lá! Ela tá nascendo! Ela não tá calma nada! Fui. Os intervalos das contrações logo chegaram aos cinco minutos. Estava assim autorizada nossa ida para o hospital. Meu irmão foi nosso motorista e, apesar do horário, o trânsito não nos atrapalhou. Antes das seis estávamos em Santa Tereza. Dilatação, ok. Mamãe, pronta. Médica e anestesista, chegando. Papai, de toquinha e avental. Na sala de cirurgia, eu procurava notícias nos olhos das enfermeiras e da obstetra. Clima de descontração, um momento sequer de tensão. Nane, cada vez mais vermelha, fazia força. A cortina azul me separava dos detalhes. Ela tá lá no final do túnel. Dá pra ver os cabelinhos. Vem! Hesitante, fui. Estavam lá. Voltei. Nane estava mais vermelha que antes. De mãos dadas, vivíamos a mesma ansiedade. Era um choque de dor e nervosismo. De novo, procurei por inquietação nos olhos delas. Nada. Pode vir. A cabeça já saiu. Fui. E vi nascer. Dali para a barriga da mãe. Da barriga para enfermeiras alegres e muito falantes. Elas celebravam. Alice resmungou e a ficha caiu. Quase um miado. Parei de respirar, não sabia se ria ou chorava, se corria atrás dela ou se voltava para a mãe. Falei alguma coisa com a Nane e enfiei a cabeça no vão que dava para o berçário. Uma das enfermeiras dava as boas vindas. Ao mundo cruel, criança! Falava de uma bomba em Londres no dia anterior. A ficha caiu pela segunda vez. Alice nasceu num dia comum, de parto normal, há quase cinco anos, em 8 de julho de 2005. Optamos pela privacidade – nada de filmagem ou fotos. Preferimos transformar as manifestações de nossos sentidos em lembranças. Pequenas recordações do melhor dos meus dias.

3 comentários:

  1. É incrivel o modo como vc descreve as coisas!!!!! Faz o leitor imaginar a cena!!! PArabéns Rodolpho!!! Que a pequena Alice tenha muitos e muitos anos.... com saúde...e que vocês tenham sempre muitas histórias lindas como esta pra contar!!! PArabéns ALICE!!!! Parabéns Rodolpho!!! Parabéns Regiane!!! Família linda!

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  2. ahm Rodolpho, que linda viagem de recordacao a um momento tao especial
    :-)
    parabéns !

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  3. Lindo texto... pude viver e reviver essa emoção do parto! Sem dúvida, o melhor dia da vida de qualquer mãe e pai como nós! Parabéns Rodolpho e Regiane! Parabéns pequena Alice, minha aluna! É um privilégio estar presente em sua formação numa das fases mais importantes e felizes da vida, a infância! Que Deus te abençoe pequena bailarina, e que sua vida seja uma eterna e linda dança! Um beijo carinhoso, da sua professora, Iracema.

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