segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Tapioca com Coco

Em nosso segundo dia de passeios pelo Centro do Rio de Janeiro, não havia ansiedade da minha parte. Eu já sabia desde a noite anterior o que queria fazer. Alice, porém, não escondia sua resistência às minhas longas caminhadas e hesitava. Não dava sinais de querer sair de novo com o seu malvado favorito. Só aceitou meu convite quando soube que iríamos de táxi.

Depois de um almoço improvisado em casa, chegamos ao Espaço Cultural da Marinha às 13 horas, um pouco tarde para conseguir os ingressos do passeio do rebocador Laurindo Pitta pela baía de Guanabara. Como esta primeira opção não deu certo, acabamos decidindo pela visita à Ilha Fiscal.

Enquanto esperávamos a hora de partida do saveiro, Alice aproveitou para matar a curiosidade de conhecer um helicóptero por dentro, coisa que disse só ter visto nos filmes. Depois, fomos até o navio-museu Bauru, que foi explorado por ela com muita animação, sempre me puxando pelo braço. Embora estivesse cansada das fotos, intercalando rabugices com sorrisos, consegui registrar o que, de certa forma, era um encontro dela com o vovô Edmundo, que era oficial da Marinha e nenhum de nós dois chegou a conhecer.

Quando entramos no saveiro, recomeçaram os resmungos. Dessa vez, por causa do colete salva-vidas (que estava apertado e, não havia como discordar, aumentava o calor). Felizmente, o percurso era curto e logo alcançamos a Ilha Fiscal, onde uma guia nos esperava para uma interessante aula de história, em que o ponto alto é o último baile do Império.

Durante a visita, Alice fez seus comentários inusitados: observou, por exemplo, que a imagem da Princesa Isabel no vitral não parecia a de uma menina. Além disso, se impressionou com as toneladas de camarão servidas no baile e com as roupas pesadas que as moças vestiam na época. Também se divertiu muito com a subida pela escada caracol, o pouso dos aviões no Santos Dumont e o lanchinho que fizemos contra o vento.

No caminho de volta, enquanto reclamava mais uma vez do colete, sugeri que, em outra oportunidade, fôssemos de barca até Niterói. Ela perguntou se lá, do outro lado baía, haveria alguém nos esperando para explicar as coisas. Quando respondi sorrindo que não, ela também sorriu antes de desviar o olhar e sussurrar: ainda bem. Já em terra firme, Alice quis voltar ao Bauru e, em seguida, conhecer a réplica da nau do descobrimento.

Saímos da Marinha por volta das 16 horas em direção à Uruguaiana, onde pegamos o metrô. Quando chegamos à Praça Nelson Mandela em Botafogo, ela percebeu que enfrentaria nova caminhada e fez uma careta de desagrado. No entanto, logo entramos em acordo: Alice trocou seus resmungos por um beiju de tapioca sem manteiga, recheada apenas com coco ralado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário