domingo, 14 de julho de 2013

Ostia Antica

Ficamos ali, sentados, cerca de vinte minutos. Um banco qualquer nos jardins da Villa Borghese, uma dor de cabeça que era enxaqueca. Fazia o tempo de sempre – céu nublado, um sol tímido se alternando com alguma garoa. Enquanto eu me distraía com a habilidade dos motoristas de ônibus, que estacionavam de ré na ladeira, ela desistia. Aquele passeio ficaria para outras férias, ou nenhuma.

Ela insistiu, e nós nos despedimos na estação Ré di Roma, de onde voltaria sozinha para o hotel. A partir dali, segui em minha primeira aventura solitária em terras estrangeiras. Experiência começou depois que deixei o metrô algumas estações adiante, em Piramide, subi as escadas e esbarrei com a habitual falta de informações. Como só havia um trem na estação San Paolo, resolvi me aproximar. Ostia Antica? O condutor acenou com a cabeça, e eu entrei.

Para passar o tempo, observava as pessoas, buscava personagens. Só me chamou a atenção o grupo de adolescentes que se amontoavam nos bancos, as meninas sentadas no colo de seus namorados, muitos sorrisos e pouco falatório. Era sábado, deduzi assim que iam para as praias e que eu saltaria antes deles. Reflexo da ansiedade, da falta de ter com quem conversar, eu contava as estações restantes a cada parada, queria mesmo chegar logo ao meu destino.

O sol só apareceu quando cheguei ao parque arqueológico. Mas ventava muito, e era difícil manter aberto o folheto que comprei na bilheteria. Aquele mapa era suficiente – não queria uma aula de história. Aliás, quando viajo por aí, costumo dispensar explicações em demasia. Para mim, naquela cidade fantasma, bastava caminhar labirintos adentro, identificar as principais atrações numeradas no papel, tentar visualizar as imagens de uma época desconhecida, ou chegar ao porto e descobrir que o mar não passa mais ali.

Precisava registrar meus passos: tirei fotos de mim mesmo, até acertar, entre as ruínas e no teatro (contra o céu azul, para a lembrança ficar mais bonita).

Mais tarde, voltaram as nuvens e também a garoa. Em busca de abrigo, encontrei o museu e, depois, a lanchonete. Preferi comer apenas uma salada de frutas, para chegar com fome a Roma e caprichar no jantar. Mais de duas horas depois, voltei à estação de trem com um punhado de fotos para dividir e uma história a mais para escrever.

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