Há poucos
dias deu infiltração no vizinho. Vão começar a quebrar o banheiro na segunda-feira.
Onde ela vai tomar banho? Neste caso, resta apenas a criatividade das
gambiarras, extensões que levem a água para onde seja possível se acomodar. A
nora pede socorro, chora. O filho se revolta, bate nas paredes. Não há o que fazer.
É domingo,
fim da tarde. Ouve-se fogos e a comemoração nas ruas. O telefone toca. A nora
atende, abre um sorriso para dizer: Ganhamos! Passa para o filho, que mal
consegue falar. A alegria momentânea se mistura às dores permanentes: Você viu?
Sempre sofrido. O aparelho chega enfim as mãos trêmulas daquela que centraliza
as atenções:
– É o seu
neto – anuncia o filho.
Ela se
esforça, mas não entende uma palavra do que o neto diz. No fundo, porém, sabe
bem o motivo da conversa:
– O seu pai
está muito feliz – ela afirma.
É domingo, início
da noite. O neto veste a camisa tricolor e sai às ruas para curtir um pouco
aquela vitória. A nora já se prepara para dormir. E o filho liga a televisão:
quer ver e rever os gols, assistir a todas as resenhas esportivas, acompanhar a
chegada do time campeão brasileiro ao aeroporto. Todos querem se esquecer de
que amanhã é segunda.
Sim... Mas sem esquecer a conquista sofrida, embora aparentemente fácil, do time tantas vezes campeão.
ResponderExcluirParabéns pelo belo texto!