Na vez dela, sentimos um aperto no coração, e os meus olhos
chegaram a marejar. Ela estava nervosa, claro; apertava o estojo com a mão,
mantinha o seu olhar conectado ao nosso. Premiada pela ordem alfabética, foi a
primeira de seu grupo, um dos três que formavam a turma de candidatos ao
segundo ano do ensino fundamental. Por isso, ganhou a companhia da professora
que puxava a fila e lhe ofereceu a mão. E, parecendo mais calma, partiu sozinha,
carregando nome, sobrenome e algo mais.
Embora a nossa decisão já estivesse tomada e não fosse ela
por aquela escola, investimos na experiência: as provas duraram a manhã
inteira. Um pequeno vestibular: antes do lanche, português; depois, matemática.
Enquanto ela se virava com as questões postas no papel, nós esperávamos
ansiosos no pátio, lembrando as primeiras conquistas, fazendo conjecturas sobre
o futuro, querendo muito acertar de novo. Como daquela vez, seis anos atrás,
quando escolhemos a Creche Palmo e Meio; como há um ano, quando insistimos que
lá mesmo ela fosse alfabetizada.
Passados dez dias daquela aventura por um mundo muito maior
do que aquele que ela conhece, estamos suficientemente seguros. Depois de
descartar alternativas, levar duas quase até o fim, vimos a nossa pequena
menina tirar de letra as avaliações, enfrentar a sua primeira relação
candidato-vaga e, quanto orgulho, conquistar sua maior vitória: o direito de
escolher. Entre uma escola e outra, ela nos confirmou que a vontade dela é
também a nossa. Agora, resta comemorar com ela o fim de uma etapa, agradecer a
todos que nos ajudaram, e aguardar o que vem por aí no ritmo que tem que ser: um
degrau de cada vez, um palmo atrás do outro.
Parabéns para a Alice!!! Enfrentando de frente os desafios da vida! Muito sucesso para ela na nova escola. Bjs
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