terça-feira, 26 de abril de 2011

Horas de Estrada

Rob Halford e Troy Bolton batem boca. A disputa acontece entre a música que toca no painel do carro e o filme que distrai a criança no banco de trás. Embora a distração não a impeça de perguntar se estamos perto de casa e de ensaiar um drama quando a resposta é negativa, devo reconhecer a sorte que temos. Meus pais tinham que reinventar passatempos. Com o DVD, nós podemos nos concentrar na água que bate forte no vidro, na frequência do limpador de para-brisa, nos carros que vão e vêm. E quando estes levantam água do chão e obstruem a visibilidade... Que legal! Sharpay acha um barato.

Obras a 27 quilômetros: a chuva dá uma trégua na violência, mas a lentidão do trânsito aumenta pouco antes da serra. O carro hesita, a embreagem trabalha como nunca e nós precisamos fazer xixi.

Nos intervalos de tensão, penso nos pardais. Parece poesia, mas é a indústria da multa que me irrita. Conto os carros que trafegam impunes pelo acostamento e não vejo vantagem na fiscalização pontual de velocidade. Pardal podia ser qualquer um assobiando, com capa de chuva e bloquinho na mão, anotando as placas dos malandros que pegam o atalho proibido ou costuram sem se preocupar com a vida. Não precisaria de mais de uma hora para o fiscal atingir a meta do dia.

Penso de novo na sorte. Quando criança, era uma Brasília bege que nos levava por aí sem ar condicionado. Nela, conheci as capitais do mundo, de Tóquio a Tegucigalpa, em viagens longas até Porto Alegre ou Salvador. Aprendi outras coisas também com os passatempos do meu pai, quase sempre um jogo sem tabuleiro, que preparava meu futuro nas gincanas do Sebastian Bar. De repente, acho que Alice pode estar perdendo uma boa oportunidade de jogar adedanha. Mas se Grease dá lugar aos Wildcats que dá lugar a Tim Burton, tenho certeza de que ela está se divertindo. Enquanto Alice, a outra, toma chá com o chapeleiro e se esconde no bule, a minha Alice inventa uma história.

Lea se junta ao Luke Rapidinho para enfrentar o inimigo Ráuli Devagar (ou Hauly, não sei). Ela diz que foi George Lucas que inventou o novo conto estelar e Chewbacca é o coelho. Lembra então que ele escondeu os ovinhos em casa, que está anoitecendo e não vai dar tempo de procurá-los. Não vai dar tempo também de lavar os cabelos. Drama, de novo.

Nane aumenta o volume: Bono discute com a Rainha de Copas.

2 comentários:

  1. Nossa, voces passaram um perrengue, hein??? Musica, dvs, barulho de chuva forte... ainda bem que chegaram em seguranca.
    Para nos, tambem foi uma aventura, com muitos trechos completamente parados, mas Pedrinho e Felipinho foram exemplares e so' precisamos gastar nossas energias para tentar chegar em tempo no aeroporto...
    : )
    Dani

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  2. e a gente ia pro sítio sem nenhum recurso audiovisual, rs,rs,rs, só fiscalizando a serra, rs,rs,rs

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