terça-feira, 19 de outubro de 2010

Troy Story

Era uma vez um príncipe boneco chamado Eric. Ao contrário dos outros príncipes, ele não vestia roupa de gala para ir ao baile em busca de sua princesa. A praia dele era outra: usava um bermudão, exibia os músculos do peitoral e azarava uma boneca sereia de rabo esverdeado. O nome dela era Ariel. Eles eram apaixonados e viviam felizes para sempre até ouvirem aquela música tocando na sala. O “para sempre” acabou aos poucos, à medida que outras bonecas chegavam e a menina crescia. Primeiro vieram as pernas compridas das Barbies, mulheres bárbaras com diversos sobrenomes ou histórias de princesa para contar; depois a misteriosa Hanna – ora de cabelos castanhos, ora loiríssima, de microfone em punho, cantando sobre o melhor de dois mundos (e nenhum deles era o fundo do mar).

Mas eram as mãos da menina davam o tom das tentações do príncipe surfista, quando colocava em pé cada uma das bonecas para passear com ele. Neste caso, o rabo era uma tremenda desvantagem para Ariel, uma sereia cada vez mais enciumada, pensando em retornar para os braços do rei Tritão, seu pai, ou fazer um novo pacto com Úrsula, a bruxa do mar. Ao menos, ela tinha companhia em terra firme, já que Fiona, com aquela roupa de kung fu e a máscara de ogra, não atraía nem um pouco o único galã do pedaço. Fiona tinha, de fato, nascido para viver num mundo tão tão distante. Por aqui, nem Daniel San seria capaz de encará-la.

Um belo dia, depois que a menina viu Harry beijando Cho, a crise do casal marinho ganhou proporções ainda maiores. As bonecas passaram a fazer fila para beijar Eric. O sortudo tinha um harém, mas não usava turbante nem tinha o nome de Aladdin (Jasmine que não nos ouça, mas ele e o gênio sempre foram vistos muito bem acompanhados). O sortudo podia ir preso a qualquer momento porque, não bastasse a cantora adolescente, colecionava também colegiais da High School, que além de cantarem, dançavam. O sortudo era um coitado, não dava conta de tanta mulher.

O caso parecia sem solução até que a mãe da menina precisou escolher um presente para a vovó dar no dia das crianças. Mamãe e papai chegaram a cogitar o tal do Ryan como opção. Mas, e se ele se apaixonasse pelo Eric? Não haveria partilha, só aumentaria a fila. Antes do Viagra e antes que Ariel fugisse no saco de brinquedos antigos que iria para doação, chegou então um boneco adolescente chamado Troy. Contrariando o pretenso cavalheirismo dos príncipes, o menino não foi pontual. Sua carruagem demorou mais que uma semana para chegar. O dia das crianças já tinha passado, mas Eric teve, enfim, com quem dividir as atenções (ou tensões) e não corre mais o risco de ser preso (Troy até deu uma piscadela para Fiona, mas antes que apanhasse, foi ao encontro das mais jovens ensaiar o próximo musical).

Para Ariel, o final não foi feliz. Ela continuou resmungando pelos cantos. A menina, por outro lado, ficou radiante com o novo brinquedo. Naquele dia, que já era um dia qualquer, ela parecia feliz para sempre.

4 comentários:

  1. é muita princesa pra pouco homem, rs,rs,rs
    e tb concordo que Aladim e o Gênio são mais que bons amigos... Troy chegou "causando", mas pede pra ele pegar leve quando canta "Bet on it", prq senão o filme dele fica queimado!!!
    A fila tem que andar!!

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  2. Direto das terras acreanas - na minha época, a briga era entre o Bob e o Ken. Meu Bob tinha uma jaqueta prateada, enquanto o Ken (minha amiga tinha acabado de ganhar vindo diretamente dos EUA) tinha os barços esticados, cara de pastel... Ninguém queria pegar a Susie, que tinha uma cabeção, só a Barbie, de cinturinha...

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  3. Fantástico!!!! Adorei!!!

    p.s. Os anos se passaram e as coisas continuam iguais... Eu também tinha um Ken e mais de 10 barbies... ou seja, ele também tinha que dar conta do recado!!! rsrs

    Ainda bem que agora apareceu o Troy Bolton... mas com tantas opções a Sharpey e a Gabriela que se cuidem.. rsrs

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  4. BELÍSSIMO TEXTO. JÁ ESTOU SEGUINDO. MARCIO VAMPOS

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