sábado, 6 de fevereiro de 2010

Antes do Sono

Estávamos os três no quarto dela, arrumando os livros. Ela aceitou a idéia de dar alguns para quem não tem, ou para bebês que ainda não sejam uma menina grande. Separamos em pilhas os que ela não queria mais e os de que mais gosta. Quando viu a bruxa Fofim, não hesitou: desse o papai gosta.

Ela dorme com música. Antes da música, quando já estou em casa, lemos um livro. Se não, mamãe canta para ela e, depois, deixa o CD tocar. Quando a vez é minha, procuro interpretar as histórias que leio. Como não consigo esconder as minhas preferências, ela rapidamente aprende o meu gosto. Mas, respeito o dela. Sejam princesas ou princesas, leio com voz de sapo, lobo e, claro, princesas.

Quando termino minha leitura, ela pede a vez. Repete a história do seu jeito, estalando a língua entre as frases, narrando com incontáveis “aís”. Faço perguntas para ajudar. Ela perde a paciência e fecha o livro pedindo que eu conte outra. Porém, é hora de dormir.

Minha maior dificuldade é convencê-la de que, com a luz já apagada, eu posso ainda contar histórias da minha cabeça. Muitas vezes, antes mesmo que eu consiga dar a opção, ela corta o meu barato: papai, da sua cabeça não! Então, é hora de dormir.

Lembro-me do tempo que minha avó, quando meus pais não estavam em casa, posicionava a cadeira estrategicamente no corredor e contava histórias da cabeça dela para mim e minha irmã, que dormíamos em quartos diferentes. O personagem principal se chamava Pedro. Era um modelo de criança. Pelo menos, não tinha os nossos defeitos.

Já a vaca Vitória era a preferida da outra avó, a mesma que gostava das balas e de pipoca. E, depois que a luz apaga aqui, isso é o melhor que consigo: fazê-la rir do pum na panela e acabar a história, porque já é hora. Saio do quarto, o CD toca e ela canta, às vezes dança, até dormir.

2 comentários:

  1. ah, meninas.......
    a hora de dormir de Bernardo é uma luta!!!
    invejinha.....

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  2. faltou dizer quanto tempo demora a cantoria, quando não o show da Alice Single Lady... o balé também vira arte marcial

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